Desperdiçar hoje, é faltar amanhã
O desperdício de água é um dos maiores problemas do mundo atual. Em Portugal, 41% da água é desperdiçada. São cerca de 3100 milhões de m3 de água todos os anos.
No Algarve este é um problema que se agrava de ano para ano, fruto das alterações climáticas e da escassez de chuva na região.
Além disso, os estilos de vida e hábitos de consumo de água levam a que muita água seja desperdiçada.
Ora, para que a água não falte nas nossas torneiras num futuro muito próximo temos de alterar urgentemente as nossas rotinas, os nossos hábitos e a forma como gastamos cada gota de água.
Dicas de Poupança
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Consumo: Um chuveiro gasta entre 6 a 25 litros por minuto, conforme o modelo e a pressão da água. Um duche de 15 minutos, com a torneira meio aberta, gasta cerca de 240 litros.
Economia: Se fechar a torneira enquanto se ensaboa e diminuir o tempo do duche para 5 minutos, reduz o consumo para cerca de 80 litros. Um chuveiro com sistema redutor de caudal pode economizar 80% de água.
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Consumo: Lavar a louça com a torneira meio aberta durante 15 minutos representa um consumo de cerca de 100 litros de água.
Economia: Deixe os talheres e pratos de molho dentro da pia antes de lavar. E não deixe a torneira aberta enquanto os ensaboa. Assim, estará a economizar cerca de 100 litros de água!
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Consumo: As banheiras têm uma capacidade média entre 150 a 200 litros. Encher a banheira para um banho de imersão, equivale a um duche de 15 a 20 minutos.
Economia: Uma forma de economizar é encher até metade ou menos mantendo a mesma água durante o banho.
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Consumo: Uma máquina de lavar com capacidade para 44 utensílios e 40 talheres gasta cerca de 40 litros.
Economia: Utilize a máquina de lavar louça apenas quando estiver cheia.
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Consumo: As torneiras dos lavatórios jorram cerca de 9 litros por minuto. Um consumo de 12 litros por dia (4 lavagens de 20 segundos). Ao escovar os dentes durante 5 minutos com água a correr, gasta, em média 45 litros de água!
Economia: Lavar os dentes, usando um copo com água e a torneira fechada reduz o desperdício. Se colocar uma tampa no lavatório ao fazer a barba, gasta apenas 2 litros de água.
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Consumo: Uma piscina pode perder até 3 800 litros de água por mês por evaporação, o que chega para abastecer uma família de 4 pessoas durante um ano e meio (água potável).
Economia: Se aplicar uma cobertura na piscina reduz a perda de água, por evaporação, em cerca de 90%.
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Consumo: As máquinas de lavar roupa, sem dúvida imprescindíveis, para além de muita energia, consomem muita água (aproximadamente 100 litros por lavagem).
Economia: Convém enchê-las bem, e no caso de não haver roupa que chegue para uma carga completa escolher o programa de “meia carga”, que será suficiente.
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Consumo: São necessários cerca de 230 litros para lavar um carro e aproximadamente 260 para regar um jardim durante 15 minutos.
Economia: Quando decidir lavar o carro, faça-o com a ajuda de uma esponja e de um balde. Evite passar horas com a mangueira a correr. Regue o jardim ao fim do dia ou durante a noite.
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Consumo: Um terço da água que se gasta em casa é proveniente das descargas do autoclismo: 10 litros de água são consumidos cada vez que o autoclismo funciona.
Economia: Se colocar uma garrafa de 1,51 dentro do depósito, a capacidade diminui. O consumo de água reduz para 8,5 litros por disparo. Outra solução é escolher um autoclismo de duplo depósito, de uso mais racional.
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Consumo: Uma lavagem com a torneira meio aberta pode significar um consumo superior aos 200 litros em 15 minutos.
Economia: Deixe as roupas de molho e use a mesma água para lavar e ensaboar.
Pegada hídrica
Em Portugal, cada pessoa consome cerca de 187 litros de água por dia. É mais do que os 110 litros que as Nações Unidas calculam ser a quantidade de água que um ser humano precisa para satisfazer as suas necessidades básicas diárias.
Quando tomamos consciência da quantidade de água que gastamos, direta ou indiretamente, podemos ser mais responsáveis e ter opções de consumo mais sustentáveis, contribuindo para a preservação deste recurso tão valioso.
Pegada hídrica é medir as necessidades em água de tudo o que consumimos. Tudo que usamos, compramos, utilizamos precisa de água para ser produzido.
Um par de calças, uma taça de arroz, um café ou mesmo o telemóvel necessitam de água para existirem. Quanto custam afinal, em Água, as nossas escolhas?
Declaração Universal dos Direitos da Água
Em 22 de março de 1992 (Dia Mundial da Água) a ONU emitiu a “Declaração Universal dos Direitos da Água”. Neste dia, a Declaração Universal dos Direitos da Água, marca um ponto de viragem na forma como a Água é vista por todos em todo o planeta Terra. Vamos ler a Declaração Universal dos Direitos da Água e refletir um bocadinho sobre ela e o nosso planeta?
1 – A Água faz parte do património do planeta. Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente responsável aos olhos de todos.
2 – A Água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
3 – Os recursos naturais de transformação da Água em Água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a Água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimónia.
4 – O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da Água e dos seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e com um funcionamento normal para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
5 – A Água não é somente herança dos nossos antepassados; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. A sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
6 – A Água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor económico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.
7 – A Água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, a sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.
8 – A utilização da Água implica que haja respeito pela lei. A sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo o homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
9 – A gestão da Água impõe um equilíbrio entre os imperativos da sua proteção e as necessidades de ordem económica, sanitária e social.
10 – O planeamento da gestão da Água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
Fonte: ONU (Organização das Nações Unidas)